Competitividade da Logística Brasileira
A logística de cargas passa praticamente todas as atividades econômicas, influenciando a competitividade das empresas e a qualidade de vida da população.
Em termos comparativos, há indicadores que posicionam os custos logísticos brasileiros na 55ª posição entre 160 países, bem abaixo de países desenvolvidos (por exemplo: Alemanha, 1º; Estados Unidos da América – EUA, 10º) ou mesmo de alguns dos integrantes dos Brics (China, 27º; Índia, 35º).
Existem diversos fatores a serem desenvolvidos;
• elevação do nível de investimento anual, como percentual do produto interno bruto (PIB), em relação ao histórico recente em função da forte demanda por capital (público e privado);
• comprometimento (crescente) de recursos públicos, notadamente quanto à contrapartida e garantias ao investimento privado relativo a novos ativos em parcerias público-privadas (PPP);
• gestão eficiente dos procedimentos preparatórios para licitações, na medida em que os ativos estão associados a serviços públicos concedidos;
• regulamentação setorial que gire e mantenha interesse e segurança econômica e jurídica a investidores, inclusive estrangeiros;
• desenvolvimento de novas estruturas de funding oriundas do mercado de capitais e do mercado financeiro privado, em função da necessidade crescente de financiamento do investimento futuro;
• capacidade de atrair poupança externa por meio do uso de procedimentos licitatórios consensuais de mercado utilizados no mundo, eliminando eventuais vieses que dificultam a atratividade
• capacidade de planejamento de longo prazo, apresentando as condições de contorno que dão sustentabilidade ao plano, sob o ponto de vista econômico, financeiro, das finanças públicas, ambiental e de gestão, num pacto estruturado das ações a empreender, viabilizando a originação contínua de projetos.
A ausência de um plano estruturado de longo prazo reduz as chances brasileiras de captar um volume maior de investimento direto estrangeiro aplicado no setor de logística.
Do ponto de vista da competitividade das empresas, cabe analisar o instrumento da concessão de infraestrutura logística de acordo com cada etapa de seu ciclo de vida: a fase do leilão, da execução de obras e da operação do ativo.
Como tendências da evolução do setor de concessões de infraestrutura logística, os órgãos reguladores dos diversos subsetores deverão aprimorar o marco regulatório, favorecendo a maior abertura do mercado à competição internacional, como forma de proporcionar maior concorrência, atração de equity diversificado e novas tecnologias construtivas, além, naturalmente, de abrir espaço a agentes menos alavancados para o mercado nacional.
Há um estoque de investimento necessário à readequação da infraestrutura de transportes, não rigorosamente estimado, mas avaliado no passado entre R$ 428 bilhões9 (PNLT)10 e R$ 1 trilhão (CNT).11 De certa forma, esse desafio independe de questões relativas ao nível de crescimento da demanda. Trata-se de um estoque que deverá ser equacionado, de certa maneira, de modo independente das questões exógenas, em função da já delicada posição relativa dos custos logísticos no Brasil e de seu impacto nas cadeias produtivas e na capacidade de inserção internacional das empresas instaladas no país. A velocidade desse equacionamento é que deverá ser influenciada, naturalmente, pelas condições macroeconômicas vigentes.
O investimento em infraestrutura logística é peça relevante no desenvolvimento brasileiro, na medida da necessidade de equacionamento de excessivos custos internos, da (quase) indiferente relação com o nível de crescimento do PIB (por se tratar de solução de passivos existentes) e da externalidade positiva sobre toda a economia. Incluem-se nesse escopo, também, os investimentos marginais de aumento da produtividade dos ativos existentes, absolutamente necessários ao aumento da produtividade da economia brasileira.
Fonte: BNDS
(imagem: BNDS)