Investidores apostam na retomada do Real Brasileiro: Café expresso de mercado

Investidores apostam na retomada do Real Brasileiro: Café expresso de mercado

Os gestores estão aproveitando os preços descontados para assumir mais risco Brasil antes que os ativos do país sejam atingidos pela volatilidade atrelada às eleições presidenciais do próximo ano. A melhor escolha deles? O verdadeiro espancado.

A moeda, que está definida para o quinto ano consecutivo de perdas, é vista como beneficiada por taxas de juros mais altas, com a expectativa de que a Selic chegue a dois dígitos no início de 2022, à medida que o Banco Central luta contra a inflação.

Nos próximos meses, o principal motor será as próximas eleições — especificamente, um candidato mais moderado que pode quebrar a polarização esquerda-direita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente Jair Bolsonaro. A viabilidade de tal bilhete, apelidado de “terceira via”, vai movimentar ativos em 2022.

“Vamos começar o período eleitoral com prêmio de alto risco, uma taxa Selic muito alta e já esperando o pior cenário, que seria Bolsonaro contra Lula”, disse Gustavo Pessoa, fundador e sócio da Legacy Capital. “É hora de uma aposta mais otimista no Brasil.”

Os gestores de dinheiro também estão colhendo ações, procurando nomes atraentes o suficiente para enfrentar o ambiente macro adverso e a migração para ativos de renda fixa.

“Dependendo da viabilidade do ‘terceiro caminho’, a cesta que o Brasil oferece é muito atrativa”, disse Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Panamby Capital.

Essa é a visão compartilhada pelos convidados da última edição do “Market Espresso” em 2021, onde os gestores de fundos discutem os principais impulsionadores para os mercados locais. Presente na reunião ainda virtual:

  • Gustavo Pessoa, fundador e sócio da Legacy Capital
  • Ricardo Cara, chefe de fundos de hedge da EQI Asset
  • Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Panamby Capital

Renascimento real

A moeda brasileira está de volta às apostas dos gestores de fundos, depois de perder quase um terço de seu valor desde o início da atual gestão. A preferência é comprar o real contra outras moedas emergentes, em meio à volatilidade que tende a continuar com as eleições de 2022.

“Com o Brasil ficando mais barato, gostamos do real contra nossos pares”, disse Pessoa.

O real já tem um “carry muito interessante” à medida que a Selic sobe, mas a moeda tende a ser a válvula de escape em caso de volatilidade eleitoral, disse Ricardo Cara, chefe de fundos de hedge da EQI Asset. Ele prefere apostar em reais através do mercado de opções, já que o ambiente ainda não está livre de riscos, disse ele.

Banco Central Hawkish

O Banco Central do Brasil provavelmente entregará mais 150 pontos-base na quarta-feira e manterá um tom mais hawkish contra a inflação, de acordo com Legacy e Panamby.

O Fed “jogou a toalha” ao dizer que não considera mais a inflação como temporária, o que tornará outros bancos centrais, incluindo o brasileiro, mais cautelosos, disse Pessoa, que prevê uma Selic de 12% no final do ciclo de aperto monetário. A taxa de referência está atualmente em 7,75%, acima de um recorde de 2% no início deste ano.

Cara diz que o Banco Central pode deixar a porta aberta e não sinalizar um novo aumento da mesma magnitude para sua reunião de fevereiro em meio a sinais de que a inflação no país e no exterior está atingindo o pico. Pinheiro discorda: ainda há muitas incertezas sobre a inflação e a política fiscal em 2022 e não é hora de os formuladores de políticas sinalizarem uma mudança de ritmo, segundo ela.

“O Banco Central terá que compensar o afrouxamento fiscal”, disse ela. A aprovação do chamado projeto de lei precatório pôs fim a um longo período de ruído político, mas deixou cicatrizes nos limites do Brasil para os gastos públicos, o que piora a percepção de taxa de juros neutra, disse ela, acrescentando que sua previsão é que a Selic chegue a 11% em março.

Moro

Os investidores esperam que os ativos locais se reúnam se Sergio Moro, que liderou a investigação de corrupção da Lava-Jato e atuou como ministro da Justiça de Bolsonaro, se torne uma alternativa viável. Eles dizem que ele precisaria alcançar entre 15% e 20% das intenções de voto nos próximos meses, um cenário visto como provável – um Atlas recente pesquisa mostrou-o em 13,7%. Pesquisas que mostram o ex-juiz subindo ainda mais provocariam ganhos de mercado, segundo Pessoa e Cara.

“Se Moro for acima de 20% ficará claro que ele vai superar Bolsonaro. Toda vez que ele sobe, o mercado vai melhorar”, disse Pessoa.

O mercado não tem preferência por um candidato específico de terceira via, acrescentou Pinheiro, mas Moro atualmente é o nome em destaque e, se chegar a 20% nas urnas, seu desempenho será monitorado “com uma lupa”.

Ações

A Legacy fechou sua posição curta e agora está há muito tempo em ações, comprando seletivamente para escolher nomes que suportarão taxas mais altas, inflação alta e recessão. O fundo está evitando ações de consumo e é dono de empresas estatais como Petrobras e Banco do Brasil.

A EQI também está construindo um portfólio de empresas com desconto.

“Estamos começando a testar as águas calmamente, você não pode ir com a guarda baixa”, disse Cara.

Apostas

  • Legacy Capital: real contra moedas EM, ações e títulos brasileiros, NTN-Bs de longo prazo, pagando rendimentos dos EUA
  • EQI Asset: real, taxas de recebimento, ações, dólar canadense, peso chileno, pagando rendimentos dos EUA
  • Panamby Capital: real contra moedas EM, ações

capitaltimes

Equipe Redação - Notícias e informações do mercado financeiro no Brasil e no Mundo - contato@capitaltimes.com.br

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